Violência contra a mulher
Especialistas falam sobre medidas para evitar violência contra a mulher
Fazer boletim de ocorrência e pedir proteção judicial são ações alternativas.
Psiquiatra diz que solução para conflitos deve partir de ambas as partes.
Crimes contra mulheres têm chamado a atenção nos últimos dias em Campo Grande. Os agressores quase sempre são ex-companheiros inconformados com a separação. Na opinião de especialistas, o caminho para buscar segurança às vítimas
A família de Laura Cristina Simões ainda tenta entender os motivos do assassinato a tiros. Segundo as investigações, o principal suspeito é o ex-marido, que não aceitava o fim do casamento de seis anos. "Um pouco foi ciúme e o fim do relacionamento, que ele não aceitou. Ele ligava para ela toda hora, perguntando onde ela estava", conta o irmão da vítima, Evandro de Souza Simões.
Na delegacia, a vítima pode pedir medidas protetivas que preveem restrições ao agressor, como afastamento do lar, proibição de se aproximar da ofendida, dos familiares e das testemunhas. O limite mínimo é de 200 metros. O agressor também não pode frequentar determinados lugares para preservar a integridade física e psicológica da ofendida.
Os pedidos são analisado pelo juiz, que tem até 48 horas para dar a resposta. Isso não dá garantias de segurança à vítima, mas pune o agressor com mais rigor caso ele descumpra a medida. "Outro aspecto é que, quando a mulher está em uma situação de emergência e tem de acionar o serviço de 190, quando ela tem uma medida protetiva deferida pelo juiz e informa isso, a ocorrência ganha prioridade", afirma a promotora de Justiça Ana Lara Camargo de Castro.
É importante que a vítima forneça a maior quantidade possível de endereços onde o agressor possa ser encontrado pelo oficial de justiça. Atualmente há mais de 5 mil processos judiciais em andamento na vara de violência doméstica contra a mulher em Campo Grande. Isso representa um terço de todos os processos que tramitam no judiciário.
O psiquiatra forense Jony Gonçalves Domingues afirma que uma das características do agressor é o sentimento de posse. "A pessoa que tem a característica violenta enxerga o parceiro como algo, e não como alguém. No decorrer da relação, essa característica vai aumentando de intensidade. A pessoa que se submete também apresenta uma característica psicológica de se submeter, aí fica um casal doente", afirma.
No último fim de semana, Rosana Camargo dirigia quando foi morta a tiros pelo ex-companheiro, que também estava no veículo. Também no fim de semana, um pedreiro foi morto pelo ex-companheiro da namorada dele. E na segunda-feira passada, um homem ateou fogo na casa da ex-mulher. A separação foi há menos de uma semana.
Fonte: https://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/10/especialistas-falam-sobre-medidas-para-evitar-violencia-contra-mulher.html