Violência Doméstica
Mineiro resgatado no Chile é detido acusado de violência familiar
Boliviano Carlos Mamani foi levado à cadeia na quarta-feira, um dia antes de resgate completar um ano.
De acordo com a imprensa local, Mamani foi detido junto com a mulher, Verónica Quispe, e com o irmão dela. Não há informações sobre o que aconteceu para provocar a detenção.
Mamani, 24 anos, é um dos 33 mineiros que ficaram 70 dias presos na jazida San José, no norte do Chile. Ele começou a trabalhar na mina apenas cinco dias antes do acidente acontecer, em 5 de agosto de 2010.
Pai de uma menina de dois anos, o mineiro recebeu uma oferta do presidente da Bolívia, Evo Morales, para retornar ao país de origem. Porém, como já vivia no Chile havia dez anos, ele decidiu continuar com sua família na cidade de Copiapó e recusou o convite.
Após o resgate, Mamani tirou um ano sabático e viveu do dinheiro doado por um estrangeiro chileno a todos os mineiros. Hoje, está desempregado e diz ter problemas financeiros.
O um ano do resgate foi lembrando nesta quarta-feira com uma cerimônia na entrada da mina San José e com a inauguração de uma estátua em Copiapó, a 45 km da jazida.
"Em um ano viajamos a várias partes do mundo, mas na parte econômica não tem sido muito bom. Estamos trabalhando no dia-a-dia, alguns companheiros estão dando palestras, estão tentando se inserir no mercado de trabalho", disse à BBC Luis Urzúa, o último dos mineiros a ser trazido para a superfície em 13 de outubro de 2010.
Dos 33 mineiros envolvidos no episódio, 31 se reuniram para entrar com uma ação contra o Estado chileno alegando negligência por parte dos órgãos de fiscalização da segurança trabalhista. A ação pede um total de US$ 16 milhões em indenizações por conta dos prejuízos sofridos.
Alguns dos mineiros se incomodam com a percepção geral de que lucraram com o acidente. "Está sendo difícil para mim, não é como muitos chilenos pensam", disse Edison Peña, à BBC. "Tem gente que fala conosco como se fôssemos jogadores de futebol, e não é assim. Não recebemos nada. Vamos levando, se virando. Tem coisas que precisamos aceitar, porque precisamos sobreviver."
Muitos mineiros afirmam se sentir mal e ter pesadelos com o acidente. “Tento ler ou me cansar bastante para que possa dormir direito”, afirmou Omar Reygadas à AP. “Mas se estou sozinho em um espaço fechado, fico ansioso. Tenho que sair e encontrar algo para me distrair ou alguém para conversar.”
Os mineiros ficaram presos em 5 de agosto, após um desabamento de terra na mina San José, localizada em Copiapó, norte do país. Foram 17 dias sem nenhum contato com o exterior, até que, em 22 de agosto, autoridades encontraram uma mensagem em uma sonda que dizia: “Estamos bem no refúgio, os 33”.
Foi o início de uma impressionante operação que levou dois meses. A quase 700 km de profundidade, os mineiros receberam comida, medicação, acompanhamento psicológico e até “media training”, enquanto equipes trabalhavam em três frentes para perfurar túneis que chegassem até os mineiros.
Do lado de fora da mina, familiares dos mineiros montaram barracas para acompanhar cada fase do resgate. No acampamento Esperança, como o local ficou conhecido, eles convivam com centenas de jornalistas de meios de comunicação de todo o mundo – entre eles o iG.
O trabalho de resgate durou cerca de 24 horas e começou às 23h08 do dia 12 de outubro, no momento em que o paramédico Manuel González entrou na cápsula Fênix – desenvolvida para içar os mineiros.
Foram 16 minutos até que González chegasse ao refúgio e cumprimentasse os 33 homens, uma imagem impressionante transmitida ao vivo para todo o mundo. À 0h10 do dia 13 de outubro, Florencio Ávalos tornava-se o primeiro mineiro a ser resgatado. Um a um, os mineiros saíam da cápsula Fênix com ânimo e forma física impressionantes.
Quando Urzúa chegou à superfície e a operação pôde ser considerada um sucesso, a festa na principal praça de Copiapó tornou-se um símbolo da alegria de todo o país. “Deus só pode ser chileno”, disse uma moradora ao iG.
Com BBC e informações do The New York Times